sábado, 29 de novembro de 2008

Soyo



OI Pessoal
Esta semana fui até o Soyo por estrada (???) foi uma aventura engraçada que vos vou tentar descrever.
De Luanda ao Soyo são mais ou menos 450Km de estrada alcatroada e picadas e picadas e PICADAS.
Partimos de Luanda já tarde, eram mais ou menos 09.00 ou seja no pico do trânsito da manhã, demoramos mais ou menos 1.30 h para chegar ao Cacuaco que é a 10Km de Luanda, quando nos safamos do trânsito já eram 10.30h.
A partir daqui pudemos acelerar durante uns bons 30Km de excelente alcatrão, ao fim destes deparamos com obras na estrada, pelos cartazes adjudicada a uma Portuguesa Conduril, mas qual é o meu espanto quando praticamente só vejo chineses a trabalhar. Coisa estranha!!!
Ou seja para preparar o gostinho, começamos 25 km de picada que mais tarde vim a classificar de em muito bom estado. Quando voltamos ao alcatrão estávamos a 5Km da Barra do Dande.
Estava bastante animado pois tinham me dito que até Ambrix a estrada estava boa. Ataco a estrada a um bom ritmo de 120Km/h e consigo fazer uns espantosos 15Km onde sou obrigado a deixar esta estrada maravilhosa que se dirige para o Caxito.
Ao virarmos encontramos uma bela ponte sobre o Dande e com surpresa uma cancela controlada pela polícia pensei lá vai começar, mas não, olharam para nós, abriram a cancela e mandaram nos seguir, este foi o ritual em todas as pontes sobre água que encontramos, penso que seja um remanescente da guerra que ainda perdura.
Continuamos caminho, com uma estrada que parecia ter estado na guerra pois tinha mais crateras do que alcatrão foram perto de 120Km sempre com uma roda na berma e o coração nas mãos pois se cai-se num daqueles buracos deixava lá a roda de certeza, podem acreditar que alguns dos buracos passava por eles e não via o fundo, depois de muito sofrer lá chegamos ao desvio para Ambrix, como nos tinham dito que até Ambrix a estrada era boa pensei que tinha que ir até lá, ERRADO. Fizemos 22Km para lá e 22Km para cá duma estrada com algum alcatrão que parecia que tinha sofrido uma implosão.
Daqui para a frente foram 100Km de picada em estado médio com alguns vestígios de alcatrão, infelizmente pois estes só vinham dificultar.
Até ao cruzamento das pedreiras onde bebemos uma gasosa (coca cola) e comemos umas belas bananas leia-se almoço e soubemos que faltavam só 157Km.
A partir daqui até a Aldeia do Znedo foi uma picada típica africana, umas vezes melhor, outras pior mas com muito goso de condução.


Do Znedo a Mangue Grande está a pior parte deste caminho, onde se chove é impossível passar. Fomos obrigados a fazer perto de 10Km a pouco mais de 10Km/h. Foi aqui que criei um grande respeito pelos motoristas dos semi-reboque e pelos próprios semi reboques que transitam nestas vias, pois suportam condições que para um jipe são difíceis quanto mais para um tractor criado para a estrada, ainda por cima a puxarem uma galera carregada com um contentor de 40 pés. É quase surrealista ver estes monstros esforçados, a passo de caracol a passarem por crateras, às vezes com mais de um metro de fundo.
A partir de Mangue Grande começa finalmente a parte que dá verdadeiro goso a picada de areia, algo perigosa pois os semi-reboques criam por vezes valas de respeito.
Estes últimos 157Km dificilmente se fazem em menos de 3 horas.
Finalmente Soyo junto a Barra do Zaire é uma cidade calma, como alguém a definiu com um café, um Supermercado, um Hotel, uma discoteca e 11 bancos daqui percebe-se o valor estratégico desta cidade onde irá ser o centro de exploração do gás natural.
Depois de tudo isto, falta vos falar do mais importante, umas vistas fantásticas com um vislumbre de mata cerrada e por incrível que pareça uma povoação a cada 5 Km sempre mas mesmo sempre impecavelmente LIMPAS. Em todas elas junto á estrada existiam pequenas vasilhas de mangas e bananas a venda cada vasilha 100 kuanza.
Em algumas delas estava peças de caça à venda assim como pacas que são um género de ratos grandes bem maiores que coelhos que toda a gente diz serem muito bons para comer.
E assim correu mais uma viagem nesta Angola que se esta a transformar diariamente, toda esta viagem durou sensivelmente 9 horas mas garanto-vos que dentro de dois anos a vamos fazer em pouco mais de 4h uma das coisas que pudemos constatar foi que os chineses estão a montar estaleiros de 30 em 30 km para começarem a reparar as estradas. Ou seja, dentro de dois anos esta aventura deixa de ser aventura e passa a ser uma monotonia de 450Km de rectas asfaltadas que podiam estar em qualquer país da Europa. Eu sei que é progresso e altamente benéfico para grande parte destas populações, mas não deixo de sentir alguma nostalgia pelas aventuras que vão desaparecendo.
Xau até a próxima

Portem-se mal

sábado, 22 de novembro de 2008

Cabinda

Fui instado a apresentar um relatório detalhado sobre a minha viagem a Cabinda. Disse ao Comité “Camaradas, é muito cedo, estive pouco tempo lá, ainda por cima preocupado em fazer boa figura!”. O Comité perguntou por fotos e eu respondi “tirei algumas a um gerador e depósito de água”. O Comité não ficou muito satsfeito, mas agora não há nada a fazer – ficam apenas as minhas impressões gerais.
Enquanto escrevo isto falta mais uma vez a energia em Luanda... coisa comum, mas que me serve para relembrar como estas duas regiões são tão diferentes, estando no mesmo país. Cabinda não tem stress, deixam-no nas plataformas offshore. Tem uma vegetação intensa, uma humidade que faz com que deva brotar uma semente entre os dedos dos pés se não formos uns rapazitos com bons hábitos de higiene. Tenho que lá voltar, mas sem a “guarda presidencial” que costuma acompanhar a deslocação de um sr. Engenheiro. Podia contar-vos alguns pormenores fantásticos sobre a viagem em si, mas acho que não faz entido, porque aqui é África e tudo passa a fazer sentido, mesmo o absurdo. Só vos contaria se cá estivessem.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Religião

Hoje vou vos falar de uma faceta deste povo extremamente sensível e da qual eles praticamente não falam, a religião.
O povo Angolano é extremamente religioso. Existem varias religiões e ceitas em Angola mas todas têm uma coisa em comum os seus ritos são sempre acompanhados por salas cheias de crentes.
A igreja da Sagrada Família enche todos os dias mas aos domingos impressionante de ver.
Junto ao Hotel há um templo da igreja Universal de Deus de um tamanho quase indescritível estou convencido que cabem mais de 2000 pessoas dentro, no entanto todos os dias ao fim do dia há pessoas que acompanham os ritos na rua.
Contestar esta situação é um tema que muitos dos Angolanos simplesmente não aceitam sequer falar no assunto, garanto-vos que muitos deles pagam dízimos à sua igreja que muitas vezes atingem percentagens de dois dígitos do seu rendimento mensal.
Mais uma faceta que tornam este povo digno de se conhecer. Eles por vezes têm comportamentos que nós europeus não compreendemos ou não aceitamos, mas de vez em quando, mostram facetas que frequentemente nos surpreendem.

domingo, 16 de novembro de 2008

Mussulo







Hoje visita-mos a pérola da zona de Luanda, a ilha do Mussulo. Tudo nesta ilha é especial desde as casas lindas antigas, modernas, com telhados de telhas ou zinco ou ainda esses telhados de colmo que nos encantam sempre que os vemos acreditem é quase impossível ver uma casa feia nesta ilha.
Fomos de barco desde Luanda sul directos para a zona do bar Sulo o sistema de barcos é eficiente, assim que paramos o carro no parque, fomos rodeados por um grupo de miúdos para tomar conta do carro, como sempre fazemos, escolhemos um para o fazer desta vez foi o Zázá não lhe damos nada agora só quando voltarmos e podes ter a certeza que ele está á nossa espera. Ao mesmo tempo apareceu um a dizer que tinha um barco acordamos com ele o preço de 500Kz por pessoa/viagem (valor normal) chamava-se Quim, partimos mas num país onde a segurança é constantemente esquecida foi obrigados a usar coletes salva-vidas, algumas coisas estão a mudar neste país. A viagem demora mais ao menos 10 minutos, antes de sairmos ficamos com o seu número de móvel para o podermos chamar para a vinda.
Quando chegamos ao Bar Sulo ficamos maravilhados com a beleza da zona como podem ver pelas fotografias editadas no álbum do picasa.
Almoçamos no próprio Bar mas por ter havido uma grande festa privada ontem hoje só havia sandes e Hambúrgueres (estamos em Angola). Atenção que este bar é tudo menos barato.
Após alguns banhos de água e outros tantos de sol, achamos que já estava na hora de voltar telefonamos para o Quim e espantosamente 5 minutos depois ele ai estava a chegar. A viagem para terra foi rapidíssima pois agora fomos directos e não junto á ilha.
Em resumo mais um domingo bem passado, nesta Angola que nos surpreende todos os dias.
Até à próxima
Portem-se mal

Transporte Mercadorias Expresso




Hoje gostava de vos falar de mais uma das curiosidades de Luanda, que é o seu serviço de transporte de mercadorias expresso.
Este serviço é realizado por homens munidos de um carrinho de mão muito especial, a melhor maneira de o descrever é o de uma espreguiçadeira de madeira com uma roda de carro montada na frente.
Eles encontram-se confortavelmente deitados nos seus carros/espreguiçadeira em qualquer cruzamento esperando por alguém que lhe que lhes peça um frete de transporte de mercadoria.
Existem varias formas de andar com estes veículos, se estiverem sem carga são agarrados pelos pés e praticamente andam na vertical, se estiverem carregados andam como carrinhos de mão banais e não tenham duvidas pois já vi alguns a carregar quase um metro cúbico de carga. Não é uma questão de peso pois apesar da sua construção rústica, são maravilhosamente balanceados e facilmente transportam grandes cargas. O maior problema é requerer grande prática e equilíbrio quando transporta grandes cargas. Quando está de descanso é uma confortável espreguiçadeira que todos os pró utilizam durante longas horas de espera.
Mas no entanto mais uma vez a fabulosa capacidade manual deste povo produz um artefacto rústico mas que de primitivo pouco tem, pois com relativo pouco esforço pode transportar cargas que de outro modo só com um transporte motorizado poderiam ser efectuados.
Uma das coisas que me espantou foi não ver animais de transporte como burros, cavalos, etc… Já estou em Luanda á algum tempo e ainda não vi um único, penso haver uma explicação é extremamente difícil conseguir comida para estes animais em Luanda. Eu diria que é quase impossível pois uma das saudades com que ficamos quando passamos algum tempo em Luanda é saudade do verde a cor dominante é os variadíssimos matizes de castanho desta terra que podem ir da terra quase vermelha ao amarelo dourado da areia.
Até um dia destes
Portem-se mal

Os semi-reboques

Os semi-reboques de Angola são dos maiores que até hoje vi ao vivo, já vi maiores em documentários mas na Austrália.
Podemos ver semi-reboques que parecem não mais acabar e para os mais variados fins:
- Semi-reboques de transporte de contendores mas tenham calma é mesmo contendores, pois estes meninos transportam ao mesmo tempo um contendor de 20 pés e um de 40 pés tendo em conta que respectivamente eles medem 6m o de 20 e 12m o de 40 imaginem uma galera com 18m de tamanho.
- Semi-reboques de transporte de carros este não consigo descrever, vejam a foto anexa.





Quando fizemos a nossa viagem a Benguela vimos vários camiões enormes com chicos (atrelados) quase tão grandes como eles, no entanto vimos um que nos chamou a atenção pois era um semi-reboque com um Chico praticamente do tamanho da galera.
Mais uma vez Angola mostro-nos a seu lado surpreendente.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cidades de Angola Com os Seus Nomes Actuais e Antigos

Amboim (Gabela)
Bailundo (Vila Teixeira da Silva)
Benguela (São Filipe de Benguela)
Caála (Vila Robert Williams)
Calandula (Duque de Bragança)
Camacupa (Vila General Machado)
Chibia (Vila João de Almeida)
Ganda (Vila Mariano Machado)
Huambo (Nova Lisboa)
Kuito (Silva Porto)
Kuvango (Vila da Ponte)
Lubango (Sá da Bandeira)
Lwena (Vila Luso)
Massango (Forte República)
M'Banza Kongo (São Salvador do Congo)
Menongue (Serpa Pinto)
Namibe (Moçâmedes)
N'Dalatando (Vila Salazar)
N'Giva (Vila Pereira d'Eça)
Porto Amboim (Porto Amboim)
Saurimo (Vila Henrique de Carvalho)
Soyo (Santo António do Zaire)
Sumbe (Novo Redondo)
Tombua (Porto Alexandre)
Uíje (Carmona)

sábado, 8 de novembro de 2008

Benguela


Benguela é uma típica cidade criada no estirador o seu centro é formado por um xadrez de ruas largas.
A sua marginal é dominada por uma esplanada conhecida por todos como o Porta-aviões, na realidade quando vemos de longe tem exactamente essa configuração.
As praias principais não são junto a cidade mas sim um pouco a sul, mas desta vez não tivemos oportunidade de as visitar.
Pernoitamos na pensão Contente onde tudo estava bem organizado e perfeitamente limpo.
Aqui não se sente a pressão do transito e não só (gasosa), que sentimos em Luanda.
Jantamos num pequeno restaurante duma senhora portuguesa mas que viveu em Benguela nos últimos 30 anos. Imaginem as histórias que ela tem para contar.
Existem vários edifícios que chamam á atenção, a igreja que é no mínimo inesperada, o edifício da rádio e um palácio cinzento que se encontra no centro só para dar alguns exemplos.
Ou seja desta vez estivemos pouco tempo mas vamos repetir a visita

Lobito é o Lobito, sem sombra de dúvida a mais bonita cidade de Angola a mesma é formada por duas cidades distintas, Lobita Restinga e a Cidade Alta.
A Lobito Restinga situa-se na península que forma a baia, já foi uma cidade esplendorosa e ainda continua a ter muito do seu charme a sua praia de areias douradas continua a ser um dos seus pontos fortes, mas não só, a sua vertente ligada ao desporto motorizado continua vida, enquanto lá estivemos organizou-se uma prova semi oficial de motociclismo utilizando o ultima anel da cidade.
Quanto À Cidade Alta infelizmente está muito degradada e necessita ainda de muita intervenção .
A estrada Lobito Benguela está quase concluída, será uma via rápida com duas vias para cada lado. Para terminar só falta terminar a nova ponte do Catumbela.

Sumbe


Sumbe é nada mais do que a antiga Novo Redondo é uma cidade já com alguma dimensão e que se encontra neste momento em franca reconstrução.
Apesar de termos estado pouco tempo gostaria de lá voltar daqui a algum tempo pois depois das obras concluídas será um destino interessante.

Porto Amboim


Chegamos a Porto Amboim às oito da manhã para tomar o pequeno-almoço, fiquei quase apaixonado.
É uma pequena cidade paradisíaca com pouca gente, pouco transito e uma praia é interminável. A marginal tem um pequeno restaurante chamado “ O Farol” onde tomamos um belíssimo mata-bicho e não só, pois gostamos tanto que na volta de Benguela viemos cá almoçar.
Sem sombra de dúvida, visita a repetir mas com mais tempo. Pois soubemos que um pouco mais a sul existem umas cachoeiras e umas piscinas de água quente naturais ou seja imperdíveis.